Mito ou verdade: o celular fica sem sinal quando acontece um apagão?

Depois do blecaute que ocorreu em novembro de 2009, o Ajuda Chegou  investiga como é o funcionamento da rede de telefonia celular em casos de falta de energia.



Ao final de 2001 o Brasil enfrentou uma crise de energia – graças à falta de investimento na geração elétrica – que culminou na ameaça de racionamento forçado através de apagões – períodos em que determinadas áreas do país ficariam sem receber eletricidade. Devido a um grande número de fatores, em fevereiro de 2002 a distribuição de energia voltou ao normal, mas a lição foi aprendida e o país começou a investir novamente em geração elétrica.
Com isso, o risco de racionamento de energia – como o enfrentado em 2001 – foi afastado da população. Porém mais usinas não significam uma existência com eletricidade de sobra. Em novembro de 2009 – mais precisamente no dia 10, uma terça-feira – várias cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro inclusive, viram-se completamente às escuras. Provavelmente causado por eventos atmosféricos, o apagão chegou a manter São Paulo na escuridão por mais de três horas.
Funciona quase normalmente
Rede de distribuição de energia
A situação em 2009 foi bem diferente daquela de 2001, uma vez que o racionamento era programado, e o apagão pode mesmo ser chamado de blecaute – queda acidental da transmissão ou geração de energia elétrica. Mas outro fenômeno também chamou atenção durante o tempo foi o uso massivo de redes de telefonia celular durante o período sem eletricidade. Além das ligações para centrais de emergência, amigos e familiares, o Twitter – por exemplo – recebia atualizações constantes sobre a situação em diversas cidades, graças a usuários portando seus smartphones e notebooks com conexão 3G.
Celular
Mas como é possível que aparelhos que dependem de toda uma estrutura – antenas e estações retransmissoras – que utiliza eletricidade possam funcionar quando o fornecimento falha?
Suprimento de emergência
EletricidadeToda a estrutura da rede de telefonia celular – em caso de problemas com o fornecimento de eletricidade – passa a operar a partir de baterias cuja duração varia de duas a quatro horas, dependendo da frequência das chamadas. Passado esse período, se a distribuição de energia não for normalizada, algumas estações em pontos cruciais para o funcionamento da rede ainda contam com geradores a óleo, de forma a manter o funcionamento básico da rede. Caso tanto as baterias quanto os reservatórios de combustível dos geradores se esgotem, a rede cai completamente até o retorno do fornecimento pela rede elétrica.
Como proceder
Uso do celularComo ligações, acessos 3G e até mesmo SMS consomem energia nas centrais telefônicas, recomenda-se evitar o uso de seu aparelho celular durante um blecaute – salvo em casos de necessidade ou emergência. Como derrubadas no fornecimento de energia normalmente são – na maioria dos casos – resultado de desastres, é essencial que as linhas de comunicação estejam disponíveis para as forças de resgate e socorro – bombeiros, polícia e defesa civil.
Cadê o sinal?
A rede de telefonia celular é composta por várias antenas de diversas operadoras espalhadas por todo o território de cobertura. As centrais telefônicas anexas às antenas são responsáveis por garantir que, ao sair da área de cobertura de uma antena, seu sinal seja imediatamente captado por outra, sem interrupções na sua chamada.
Distribuição elétrica
Durante um apagão como o acontecido no começo de novembro, algumas das centrais param de funcionar antes de outras, efetivamente desativando algumas antenas. Dessa forma o sinal que – durante o funcionamento normal da rede elétrica – se mantinha estável agora passa a depender de antenas cada vez mais distantes. Isso consome mais bateria do seu aparelho, diminui a qualidade da ligação e, em muitos casos, impede mesmo seu funcionamento por falta de sinal.
Imagine então antenas muito distantes, funcionando graças a baterias, e trafegando uma carga de transmissão milhares de vezes maior do que o normal, já que todos querem usar a rede ao mesmo tempo. Claro que o funcionamento fica prejudicado, e a própria insistência do usuário pode se tornar responsável pela queda definitiva – até o retorno do fornecimento normal – do serviço, ao desgastar as fontes de energia de segurança do sistema.

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