‘Fãs’ de SMS, música e jogos, jovens são menos fiéis à operadora de celular

Jovens são apenas 3% do público que usa celular apenas para ligações.
Procon dá dicas na hora de trocar de operadora.


Há tempos o celular deixou de ser um aparelho apenas para conversar à distância: os jovens consumidores querem cada vez mais do aparelho e da linha, e a operadora que não oferecer o serviço está se arriscando a perder o cliente.

Enquanto o serviço de voz ainda domina entre os usuários de 45 anos ou mais, os jovens (de 15 a 24 anos) são apenas 3% entre o público que usa o celular apenas em sua função “tradicional”. Eles somam, no entanto, 24% dos usuários dos chamados serviços de valor agregado, que incluem de jogos a downloads e serviços multimídia. Os jovens são, também, o público menos fiel à operadora de celular.

Foto: Flávio Moraes/G1

Da esquerda para a direita, Walter Porto, Felipe Mangini, Danielle Queiroz e Laruma Ramalho, alunos do Colégio Rio Branco. (Foto: Flávio Moraes/G1)

Segundo pesquisa da consultoria Nielsen, os clientes de 15 a 34 anos respondem por cerca de 59% dos usuários que trocaram de operadora nos últimos 12 meses.

“Basicamente o que eles buscam é uma qualidade de rede maior, promoções. Eles usam mais os serviços agregados do que as outras faixas etárias. Quanto mais idade, a lealdade à operadora é maior”, diz Thiago Moreira, gerente regional da consultoria. Com o aumento do tráfego de informação, a qualidade (ou falta dela) geral da rede é o motivo indicado por 23% dos usuários jovens para a migração, atrás apenas do preço, que motiva 40% das trocas.

Os aparelhos preferidos pelos jovens também estão ficando mais sofisticados. No ano passado, as vendas de celulares com câmeras embutidas alcançaram mais de 60% do volume total das vendas. Já as vendas de aparelhos com tocadores de MP3 e rádio representaram 35% e 55% do total, respectivamente.

“As preferências dos usuários locais são câmeras, rádio, tocadores de MP3 e bluetooth. As principais atividades que executam com seus aparelhos são baixar toques e músicas. Em relação aos websites acessados, os preferidos são os de músicas e jogos”, aponta a Nielsen.

Nas mãos dos jovens
Cerca de 25 milhões de celulares estão hoje nas mãos de brasileiros com menos de 25 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E eles têm ganhado o primeiro aparelho cada vez mais cedo: a estudante Laruma Ramalho, de 18 anos, conta que ganhou o seu aos dez: “eu pedi porque várias pessoas já tinham, e eu pegava às vezes o celular da minha mãe”.

Walter Porto, de 17, ganhou o seu aos 11: “eu fui imposto um celular, minha mãe que pediu, que me deu e falou pra eu usar, pra ela saber onde eu estava”, conta ele. O controle dos pais, aliás, é a maior reclamação dos jovens. “Ter celular tira muito a liberdade. Se eu não ligo eles (os pais) ligam”, diz Danielle Queiroz, de 17 anos, aluna do Colégio Rio Branco, em São Paulo.

Reclamações à parte, eles nem imaginam viver sem um celular: “eu tenho uma amiga que o dela caiu na água. E ela estava mudando, então ficou sem internet nem celular. É meio ridículo, porque ela falava que tinha que pegar a agenda, procurar o telefone dos amigos e ligar do telefone de casa”, diz Laruma.

Danielle Queiroz, de 17 anos, mostra seu aparelho celular. (Foto: Flavio Moraes/G1)

SMS é ‘hit’
Se entre jovens as funções “extras” vêm ganhando popularidade, o grande hit ainda é algo menos revolucionário: o envio de mensagens de texto. Os clientes de 15 a 24 respondem por 31% dos usuários desse tipo de serviço.

“Eu uso mensagem pra tudo, uso mais do que ligação. Mando mensagem todo dia, e tem conversa que dá mais de 15 mensagens”, diz Danielle Queiroz.

“O SMS é uma mídia barata, rápida, e que não incomoda, não precisa falar, pode usar durante a aula”, explica Thiago Moreira.

E apesar de proibido na maioria das escolas, mandar mensagens de texto durante a aula é corriqueiro entre os alunos. Mas pode dar problemas: “Já pegaram meu celular uma vez”, diz Larissa Roncaglia, 16 anos, aluna do colégio Dante Alighieri. “Já vi gente perder prova por causa do celular. A pessoa mandou uma mensagem no fim da prova, pra dizer que já estava acabando, e o professor achou que estava colando”, conta o também estudante Felipe Mangini.

Além de permitir conversar fora de hora, as mensagens também são populares por ajudar a evitar broncas dos pais quando chega a conta: “a gente manda mensagem pra ligar menos”, afirma a estudante Laruma Ramalho. “Quando eu gasto eu prefiro usar mensagem de texto”, diz Felipe. Mesmo na hora de trocar de aparelho, o SMS influencia, segundo o estudante: “o último eu escolhi pela facilidade de mandar mensagem”.

Os jovens também usam a criatividade na hora de economizar: “quando eu já gastei muito, eu ligo a cobrar e o amigo que tem crédito sempre sofre. Mas eu falo que quando ele tiver sem crédito pode ligar também”, diz Felipe. “Eu ligo e finjo que não estou ouvindo, aí se a pessoa for esperta ela liga de volta. E pra pai e mãe é a cobrar”, conta outro estudante.
Cuidados na hora de trocar de operadora
Desde a entrada em vigor da portabilidade telefônica, em setembro de 2008, quase 2,1 milhões de brasileiros já trocaram de operadora de celular. Quem pensa em entrar para essa estatística, no entanto, deve tomar alguns cuidados, orienta a Fundação Procon de São Paulo.

“O consumidor precisa estar atento ao que vai efetivamente contratar. Os planos são muito variados, com preços diferenciados, planos, pacotes. Também é muito recorrente a promoção que não cobre todo o tempo do contrato, que atrai o cliente mas é por curto período”, explica Fátima Lemos, assistente de direção do órgão.

A fidelização prevista no contrato também deve ser bem considerada: quando a operadora oferece alguma vantagem ao consumidor, como um aparelho grátis, o consumidor pode ter que pagar multa para interromper o contrato.

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