Jornalistas fazem teste "Big Brother" com Facebook e Twitter

Cinco jornalistas ficarão isolados numa fazenda em Perigord, no sul da França, durante cinco dias, tendo acesso limitado à internet: só poderão usar o Facebook e o Twitter como fonte de informação, sem postar absolutamente nada. O experimento, que começa em 1º de fevereiro e reúne representantes da França, Canadá, Bélgica e Suíça, pretende testar a capacidade de as redes sociais funcionarem como uma fonte confiável de notícias.

A década passada foi revolucionária na forma como o jornalismo gera notícias. Ainda que as fontes mais procuradas sejam as tradicionais - e que estas continuem a exercer certo controle -, blogs e redes sociais permitem que agora bilhões de pessoas funcionem como geradores de notícias, sofisticando a forma como os internautas as consomem.
Pesquisa recente mostrou que a mídia tradicional ainda é responsável por 95% do noticiário reproduzido na web. Contudo também é verdadeiro afirmar que uma ampla maioria de informações online surge primeiro no Twitter e Facebook, sendo depois selecionada, checada e publicada pelos sites de notícias.
Isto leva a um processo em dois estágios na produção de notícias: primeiro uma história circula nas plataformas de mídia social; segundo, se a história é confiável, é selecionada pelos principais serviços. As mortes de Britney Murphy e Michael Jackson, por exemplo, foram divulgadas primeiro no Twitter.
No entanto, as redes sociais também divulgam diversos boatos e informações erradas. Enquanto grandes organizações, como a CNN ou BBC, usam certos padrões de checagem a respeito da produção de notícias antes de divulgá-las, estes não se repetem necessariamente no Twitter ou Facebook. Mas ao mesmo tempo a grande presença de jornalistas nos dois serviços oferece fontes confiáveis.

No experimento, os cinco jornalistas irão basear todo seu entendimento do mundo real apenas na informação coletada nas mídias sociais. Pode não servir para revelar novas verdades a respeito da maneira como a produção de notícias está mudando no século XXI e provavelmente confirmará as suspeitas de que há uma crise de confiança nas notícias online. Há uma tendência do público em certos casos, como a morte de Michael Jackson, em consumir e replicar notícias sem grande preocupação de que se trate da verdade. Como o site TMZ descobriu ao divulgar primeiro a morte de Michael Jackson, dar a primeiro a informação - confiável ou não - pode ser bastante lucrativo.
A incapacidade - ou falta de vontade - do público de consumir notícias criticamente é um problema para o jornalismo. Sites como o da BBC e da CNN, porém, por adotarem critérios responsáveis para a publicação, se beneficiam da credibilidade adquirida no processo. Sua dificuldade é como competir em velocidade em um processo de produção de informação 24 horas por dia.

Redação Terra

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